O cubismo foi uma vanguarda artística europeia marcada pelo uso de
formas geométricas. Surgido no início do século XX na França, esse novo estilo
rompeu com os modelos estéticos que só valorizavam a perfeição das formas.
Esse movimento pode ser considerado o primeiro a se caracterizar pela
incorporação do imaginário urbano industrial em suas obras. Abrangeu sobretudo
as artes plásticas e influenciou a literatura.
Origem do Cubismo
O marco para o surgimento do cubismo foi em 1907, com a tela Les
Demoiselles d'Avignon(As damas d'Avignon), do pintor espanhol Pablo
Picasso.
Les Demoiselles d'Avignon (1907) de Pablo Picasso.
244 x 234 cm. MoMa, Nova Iorque
Essa obra apresenta influências visíveis das esculturas africanas e das
pinturas do pós-impressionista francês Paul Cézanne.
Ao lado de Picasso, o pintor e escultor francês Georges Braque também
foi fundador do movimento cubista.
Principais
Características do Cubismo
Com o cubismo teremos um
tratamento geométrico das formas da
natureza.
Assim, elas passam a ser
representadas pelos objetos em todos os seus ângulos no mesmo plano,
constituindo uma figura em três dimensões.
Predominam as linhas retas, modeladas basicamente por cubos e cilindros,
dada a geometrização das formas e volumes.
Essa técnica que renuncia à
perspectiva, assim como ao "claro-escuro", causa uma sensação de pintura escultórica.
No plano conceitual, o cubismo pode
ser considerado como uma arte que privilegia o exercício
mental como maneira de expressão das ideias.
Ao romper com a perspectiva consagrada
das linhas de contorno, a natureza passa a ser retratada simplificadamente.
Isso permite maior abstração sobre os atributos estéticos da
obra, ao mesmo tempo em que recusa a ideia de arte enquanto pura imitação da
natureza. Sobre isso, Georges Braque afirmou:
Não se imita aquilo que se quer
criar.
Vale citar que este estilo abandona distinções entre forma e fundo ou
qualquer noção de profundidade.
Os temas como naturezas mortas urbanas e retratos são utilizados pelos
pintores cubistas como recursos para experimentar e criar baseados nas
particularidades dessa vertente.
Fases do Cubismo
O cubismo é dividido em três fases:
Fase Cezannista ou
Cezaniana (1907 a 1909)
Autorretrato (1907) de Pablo Picasso
Também chamada de fase pré-analítica, o nome já indica que esse período
foi caracterizado pela influência dos trabalhos do artista plástico
francês Paul Cézanne.
Nessa fase, os artistas começaram suas experiências com as
simplificações das formas e mais tarde passaram a representar as figuras
dispostas em um mesmo plano.
Era como se estivessem abertas na tela, vistas de frente pelo público.
Fase Analítica ou
Hermética (1909 a 1912)
À esquerda, O poeta (1911),
de Picasso. À direita, Violino e Castiçal (1910), de Braque.
A fase analítica caracterizou-se pela cor moderada, acentuando-se tons
de marrons, pretos, cinzas e ocres. Tal escolha das cores se deu pois o mais
importante era a exibição do tema fragmentado, disposto em todos os ângulos
possíveis.
Esse esfacelamento das formas chegou a níveis tão elevados que, ao
final, as figuras acabaram por se tornarem irreconhecíveis.
Fase do Cubismo
Sintético (1911)
À
esquerda, Homem no Café (1914), de Juan Gris. À direita, Mulher
com Violão (1908), de Braque
O cubismo sintético caracterizou-se pelas cores mais fortes e um retorno
ao figurativo, na medida em que buscou tornar as figuras reconhecíveis
novamente, mas sem voltar a um tratamento realista.
Nessa fase, passa-se a empreender o
método de colagem, fixando objetos reais na
tela, como pedaços de madeira, vidro e metal.
Além disso, introduziram recortes de jornais com palavras e números.
Esses recursos eram utilizados a fim de extrapolar os limites das sensações
visuais que a pintura insinua, explorando os sentidos do tato também.
Cubismo e Ciência
No início do século XX houve uma admirável convergência de saberes e
interesses de vários campos do conhecimento.
Nesse momento, a arte irá se colocar, especialmente com o cubismo, em
sintonia com investigações científicas de ponta que ocorriam na física e na
geometria.
Quando o cubismo rompeu com séculos de prioridade do uso da perspectiva
na representação pictórica, acabou por conduzir às noções geométricas de hiper
poliedros e multidimensionalidade.
Isso permitiu aos artistas cubistas a formulação de um conceito espacial
até então inédito, a saber, a "quarta dimensão". Nela, as
propriedades espaço-temporais estão em afinidade com a "Teoria da
Relatividade" (1905) de Einstein.
Cubismo no Brasil
À esquerda, São
Paulo (1924), de Tarsila do Amaral. À direita, Pietà (1966),
de Rego Monteiro
No Brasil, somente após a Semana de Arte Moderna de 1922 é que o
movimento cubista irá ganhar força.
Ainda que os artistas brasileiros não tenham se entregado às
características exclusivamente cubistas, é possível perceber influências claras
dessa vertente.
A artista Tarsila do Amaral foi umas personalidades que utilizou
características cubistas em suas telas. Nelas, notamos a influência dessa
vanguarda europeia pelo uso das formas geométricas.
Ainda nas artes plásticas, vale ressaltar os trabalhos de outros
artistas brasileiros: Anita Malfatti, Rego Monteiro e Di Cavalcanti.
Já a literatura cubista no Brasil teve como destaque as obras dos
escritores: Oswald de Andrade, Raul Boop e Érico Veríssimo. Note que a
literatura cubista teve como foco a "destruição da sintaxe", pondo
fim à linearidade.
Principais Pintores
Cubistas
Os maiores representantes da pintura cubista foram:
·
Pablo Picasso (1881-1973)
·
Georges Braque (1882-1963)
·
Juan Gris (1887-1927)
·
Fernand Léger (1881-1955)
·
Diego Rivera (1886-1957)
Principais
Escultores Cubistas
Os maiores representantes da escultura cubista foram:
·
Raymond Duchamp-Villon (1873-1918)
·
Constantin Brancusi (1876-1957)
Principais
Escritores Cubistas
Os principais escritores com influência do cubismo foram:
·
Guillaume Apollinaire (1880-1918)
·
Jean Cocteau (1889-1963)
·
Oswald de Andrade (1890-1954)
·
Érico Veríssimo (1905-1975)
·
Raul Bopp (1898-1984)
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